Pedofilia, divorciados, papel da mulher na Igreja e relação com Bento XVI são temas abordados na entrevista ao jornal italiano
Papa Francisco concedeu uma entrevista ao diretor do jornal italiano Corrieri della Sera,
Ferruccio De Bortoli, fazendo um balanço desse seu primeiro ano de
pontificado. Em pauta estiveram aspectos de destaque sobre a vida da
Igreja nesses meses e as escolhas de Francisco a respeito da Cúria
Romana, bem como a relação com seu predecessor, Bento XVI. A entrevista
foi publicada nesta quarta-feira, 5.
Fazendo referências pessoais e sobre o
governo da Igreja, o Papa diz que gosta de estar com o povo, mas não lhe
agradam as interpretações ideológicas. Para ele, parece ofensivo
considerar o Papa como uma espécie de “superman”. “O Papa é um homem
normal”, diz Francisco.
A entrevista também aborda temas fortes,
como os abusos de menores. A temática é considerada por Francisco como
ferida muito profunda, algo sobre o qual a Igreja tem trabalhado muito.
“A Igreja fez tanto, no caminho aberto
por Bento XVI, talvez mais que todos”, diz o Papa sobre a atuação da
Igreja nos casos de pedofilia, lembrando que talvez ela é a única
instituição pública a ser movida com transparência e responsabilidade, e
no entanto é a única a ser atacada.
Uma conversa realizada na Casa Santa
Marta coloca em evidência aspectos notáveis e menos notáveis do primeiro
ano de pontificado de Francisco. As palavras mais delicadas do Papa são
a respeito do Papa Emérito. “Juntos decidimos que participasse da vida
da Igreja. Sua sabedoria é um dom de Deus”, diz Francisco sobre Bento
XVI.
Outros enfoques
Sobre os divorciados, o Pontífice
confirma que cada decisão será fruto de reflexão profunda, que o
matrimônio é entre o homem e a mulher e as uniões civis são pactos de
convivência de várias naturezas, “é preciso ver os diversos casos e
avaliá-los em sua variedade”.
O papel da mulher na Igreja é outro
aspecto abordado na entrevista. O Papa repete que esse papel não só deve
ser mais presente nos lugares de decisão como é preciso pensar que a
Igreja é feminina desde as origens, “o princípio mariano a guia ao lado
daquele petrino”. Ele também diz que o aprofundamento teológico sobre
este aspecto está em curso.
Não faltam referências sobre ecumenismo e
relações internacionais. Com a China, por exemplo, o Papa faz
referência a uma troca de cartas com o presidente Xi Jinping.
Sobre a hipótese de que a próxima viagem
à Terra Santa, em maio, leve a um acordo de intercomunhão com os
ortodoxos, o Papa esclarece: “somos todos impacientes para obter
resultados ‘fechados’, mas o caminho da unidade quer dizer, sobretudo,
caminhar e trabalhar juntos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário